Desde 2010, o Campeonato Brasiliense de Futebol Feminino não vivencia um atraso tão grande para o início da competição. Já são três meses de adiamento. Nos últimos seis anos, esta época era marcada pelas expectativas em relação às oitavas de final. E antes fosse só a demora para o apito inicial. Os clubes ainda enfrentam a incerteza: o Candangão pode não ocorrer. O impasse está previsto para ser resolvido amanhã, às 11h, na sede da Federação Brasiliense de Futebol, em uma reunião com clubes e representantes da entidade.
Presidente da FBF, Jozafá Dantas titubeou ao mencionar os motivos do atraso. A primeira justificativa caía em cima da responsabilidade dos times de fazer o registro das atletas na CBF e manter a documentação atualizada. Depois, a explicação para a inviabilidade dos jogos era a falta de recursos financeiros da própria entidade. Ele também não concorda com a quantidade de confrontos — 64 ao todo — definida para o campeonato.
Os times Minas Tênis Clube, Cresspom, Planaltina e Ceilândia contestam as desculpas. Segundo eles, a federação tem negado o pagamento da taxa de arbitragem. Agora, querem que o valor de R$ 350 por jogo seja dividido entre as equipes, como conta o presidente do Cresspom, Pedro Rodrigues Carvalho. “A federação recebeu tanto dinheiro desses campeonatos do ano passado da confederação brasileira…”, ressalta.
Dos cinco clubes que miram o campeonato, quatro afirmaram ao Correio que as documentações estão em dia e os registros foram feitos. “Da nossa parte está tudo certo. Corri atrás da documentação, paguei os boletos. Se houvesse partida no domingo passado, teríamos 15 meninas para jogar”, conta o treinador do Ceilândia, José Alcidio de Faria Resende. A vontade de ver o torneio brasiliense ocorrer é tanta que ele não pensou duas em vezes em dizer que pagaria até a taxa de arbitragem, se necessário.
Contudo, essa não é uma obrigação dos clubes. Segundo o Capítulo VIII do Estatuto do Torcedor, parágrafo único, “a remuneração do árbitro e de seus auxiliares será de responsabilidade da entidade de administração do desporto ou da liga organizadora do evento esportivo”. Ou seja, a obrigação está nas mãos da FBF. O poder do apito inicial é dela. Para Carvalho, não restam dúvidas: se a entidade não pagar, não haverá campeonato.
As infrações vão além. O mesmo estatuto, no artigo 9º, exige que o regulamento e as tabelas da competição sejam divulgados com 60 dias de antecedência. O presidente da federação se defende afirmando que as tabelas foram divulgadas, mas não disse onde, e que o prazo está atrasado por conta dos times.
Impacto
Com a demora para o início dos jogos do Candangão Feminino, alguns clubes diminuíram a intensidade dos treinos. O técnico e idealizador do Planaltina/AAFN (Associação Atlética Folha Negra), Thiago Andrade, teme que o campeonato seja adiado para agosto. “A gente fica sem ritmo de jogo. Para marcar um amistoso, gera gastos, então, complica, por exemplo, ir à Ceilândia, ou (o time de) Ceilândia vir para cá.”
Goleira do Cresspom desde 2010, Mariel de Carvalho conta que, além de o time estar treinando um dia a menos por semana, 12 atletas são de fora de Brasília e ficam à mercê da incerteza. Não podem comprar passagens para ver a família enquanto as datas não forem definidas.
Mariel foi campeã em três Brasilienses pelo clube e guarda o fim do imbróglio. “Espero que comecem logo ou que definam a data”, frisou. O campeonato garante vaga para a Copa do Brasil, além de ser o mais relevante para as equipes do DF.
O Minas Tênis Clube foi um dos primeiros times a confirmarem presença e mantém os treinos todos os fins de semana, segundo o técnico Edimardo Singo. No ano passado, perdeu nos pênaltis para o São Sebastião, na final.
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