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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

MP apura irregularidade na instalação da cobertura do estádio de Brasília

Medições e pagamentos da obra estão entre os alvos da apuração.
Mais cara da Copa, arena custou R$ 1,7 bilhão, diz Tribunal de Contas.


Montagem do palco para o show de Paul McCartney no Estádio Mané Garrincha (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)Montagem do palco para show de Paul McCartney no Estádio Mané Garrincha (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)
O Ministério Público abriu inquérito para apurar supostas irregularidades na instalação e contratação da cobertura do Estádio Nacional de Brasília. Em uma portaria publicada no Diário Oficial desta terça-feira (15), o órgão informou que vai investigar a realização, a execução, as medições e os pagamentos da obra.
O governo do Distrito Federal não tinha até a última atualização desta reportagem o valor gasto na cobertura do estádio. Também disse que não foi notificado pelo MP, por se tratar ainda de um inquérito.
Com custo estimado pelo Tribunal de Contas do DF em R$ 1,7 bilhão, o Estádio Nacional Mané Garrincha foi o mais caro construído para a Copa do Mundo. O valor é 153% maior do que os R$ 670 milhões previstos inicialmente no projeto.
Auditoria do tribunal divulgada em 2014 apontou sobrepreço, supervisão inadequada, não cumprimento do cronograma e emprego de aditamentos que ultrapassaram limites legais na execução da obra.
Entre as suspeitas de superfaturamento levantadas pelo órgão estão "equívocos" no transporte de materiais pré-moldados, que foi calculado como se ocorresse entre Goiânia e Brasília (240 quilômetros), quando na verdade a fábrica fica próxima ao estádio (1,5 quilômetro).
Com isso, o custo do transporte cobrado do GDF foi de R$ 592 por metro cúbico, quando deveria ser de R$ 3,70. Somente neste caso, o prejuízo foi estimado em R$ 879 mil.
Na época, a Secretaria Especial da Copa negou as irregularidades, disse que era transparente e que o resultado da fiscalização era preliminar. Também falou que o tribunal incluiu na análise obras do entorno da arena e que esses custos não podiam ser atribuídos ao espaço.
A arena tem custo de R$ 700 mil por mês em manutenção, e o GDF afirma que pretende passar o serviço para a iniciativa privada. A ideia é que a empresa vencedora da concessão passe a administrá-la logo após a realização das Olimpíadas, no segundo semestre de 2016. Ainda não há definição sobre quais serão os parâmetros da concessão.
Outras 'utilidades'
O GDF instalou três secretarias (Desenvolvimento Econômico e Sustentável, Desenvolvimento Humano e Social e Esporte) no estádio na tentativa de cortar gastos com aluguel. Cerca de 400 servidores trabalham todos os  dias ao lado do gramado do Mané Garrincha. Segundo o governo, a economia chega a R$ 14,5 milhões por ano.
Mesmo assim, os valores não compensam o gasto para manter a obra, disse o secretário de Turismo, Jaime Recena. Só o custo com o gramado pode chegar a R$ 95 mil por mês, fora as despesas com energia, limpeza, reposição de peças e pequenos reparos. “O estádio é deficitário”, afirmou.
Vista noturna do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)Vista noturna do Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília (Foto: Vianey Bentes/TV Globo)
“Brasília poderia muito bem ser atendida num estádio de 45 mil lugares em vez de 72 mil.”
Com o objetivo de arrecadar mais com a megaestrutura, o GDF abriu espaço para eventos não esportivos, como shows e solenidades institucionais. Entre o fim da Copa e 11 de agosto deste ano, foram realizados 69 eventos no local, sendo 24 jogos e 45 celebrações variadas, reunindo cerca de 1 milhão de pessoas. Só em 2015, a arrecadação com esses eventos chega a R$ 1,5 milhão, diz o governo.
Mudança de finalidade
De acordo com o secretário, o mercado privado só vai se interessar pela arena quando a estrutura puder oferecer mais possibilidades de negócios. A previsão é de que até o primeiro semestre de 2016 o governo inicie o debate na Câmara Legislativa para que sejam alteradas restrições do plano urbanístico de Brasília.

“Precisamos discutir a viabilidade de outras possibilidades comerciais no estádio. Por exemplo, a criação de uma academia, uma sala de teatro, um cinema no local”, disse Recena aoG1. “O estádio tem apelo, tem excelente localização, múltiplos acessos e permite que possa ser melhor explorado. Queremos que ele deixe de ter essa imagem de elefante branco.”
Fonte: http://g1.globo.com/

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